A existência da Joana...

A minha vida mudou radicalmente desde o dia de Natal de 2004... foi o dia em que, apesar de ter a certeza que não estava grávida, resolvi fazer o teste! Ainda me lembro das palavras da Srª da farmácia no dia anterior: "pode ser que o Pai Natal lhe traga um presente especial!" e sorriu. Eu paguei e dirigi-me o mais rapidamente possível para a porta de cabeça baixa, pois aquele sorriso de esperança, contrastava com a minha certeza de um NEGATIVO!!!

Guardei o teste para fazer "um dia que calhasse", pois não vaia a pena gastar €10,00 para confirmar o óbvio! Nessa mesma noite sonhei que tinha feito o teste e o mesmo tinha dado negativo, claro está!... subitamente, lembrei-me que nunca os meus sonhos se haviam realizado, tudo o que sonhava nunca passava para o lado de cá!
Num impulso, peguei no teste e fiz! Bastaram 10 segundos e lá estavam as duas risquinhas rosa... não era possível, teria de haver algum engano! Eu não sabia se havia de rir ou chorar, andava às voltas pela casa tipo "barata tonta"... Ainda fiz um segundo teste no dia seguinte, que veio a confirmar aquele tão desejado POSITIVO! Eu nem queria acreditar! Não podia ser verdade...

Um mês antes, na minha última consulta com a minha ginecologista, ela voltou a confirmar com toda a certeza e exactamente com estas palavras: "Andreia, a probabilidade de você egravidar sem qualquer tratamento é praticamente nula, no entanto ainda é muito nova e daqui a um ano começamos o tratamento"! Apesar dela já mo ter dito várias vezes, eu queria ser mãe! E quando eu e o pai da Joana achámos que estava na altura, ainda se tornou mais angustiante e aquelas palavras soavam como facadas no meu peito! Eu não podia acreditar que tinha que adiar o meu sonho por um ano, sem contar com a possibilidade de nunca vir a engravidar...

Mas a natureza sabe mesmo o que faz e, contra todas as análises, todos os exames e contra todas as teorias científicas, a Joana já crescia dentro de mim enquando eu me lamentava que jamais iria ser mãe! Não precisei esperar um ano, nem um mês sequer... Quando voltei à consulta (desta vez de Obstetrícia), a médica pensava que eu estava a brincar com ela! Quando confirmou que eu estava realmente grávida só me disse com um ar incrédulo; "ouça, o que você tem aí na barriga é um verdadeiro tesouro, você acredita em milagres?!". Não parava de olhar para mim e eu não parava de sorrir e de abençoar a minha barriga!
O pior foi quando ela me disse que não encontrava o batimento cardíaco... o chão desapareceu-me e foi a primeira vez na vida que soube realmente dar valor ao sentimento de perda! Sofri horrores no caminho para o hospital Dª Estefânia, mas no fundo tinha esperança que o meu bebé estivesse vivo... era uma injustiça não poder abraçar o meu bebé, beijar o meu bebé!
E mais uma vez, a minha Joana provou que tinha força de vencer e lá estava ela no ecrã, a pousar para a fotografia! O coração? Esse batia a mil... saí de lá outra pessoa! Foi-me dada a oportunidade de valorizar a vida, aliás as vidas... a minha e a dela. Obrigada a quem devo agradecer! Tenho ainda que cumprir uma promessa e irei fazê-lo o quanto antes...

Fica aqui contada a história da existência da Joana, a minha Joana... a Joana que sempre fez parte de mim! A Joana que eu queria, a Joana que batalhou para que fosse minha! A Joana que quis vencer e que todos os dias dá provas de que veio ao mundo por alguma razão! Sim, eu acredito que a Joana veio ao mundo por alguma razão e nada nem ninguém me tira essa ideia.